Bruna Surfistinha está com os dias contados. E quem vai enterrá-la é justamente sua criadora, a ex-garota de programa Raquel Pacheco. Durante uma tarde na boate Love Story, freqüentada na época dos programas, Raquel ficou tímida ao posar para fotos. “Tenho vergonha”, diz a moça, famosa por sua personagem sedutora, que em 2010 poderá ser vista no cinema e no teatro. Mas a conversa, por outro lado, fluiu sem pudores. Raquel falou das situações inusitadas vividas em sua época de prostituta e dos conselhos que deu a Deborah Secco, Thalita Lippi e Ellen Roche. Confira a entrevista de Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha:
Como você está se sentindo ao ver sua vida retratada em filme e peça?
Estou muito ansiosa, com esses dois projetos acontecendo quase simultaneamente. Mas a ficha ainda não caiu por completo. Para falar a verdade, acho a minha história muito normal. Caramba, um filme, uma peça... Não fiz nada para a sociedade. (risos)
Você se emocionou ao ver as cenas do filme?
Chorei quando cheguei em casa, fiquei lembrando de tudo. Chorei também na festa de encerramento do filme. Foi uma turma muito bacana.
Você já se encontrou tanto com Deborah Secco como com Thalita Lippi e Ellen Roche, que vão interpretar Bruna Surfistinha. Como foram as conversas?
Na peça, são papeis diferentes. Thalita é Raquel, que vai fazer as cenas dramáticas. E Ellen é Bruna, que faz a parte erótica. Já conversamos bastante nos ensaios. As duas demonstraram interesse em conversar comigo, saber como se portar, como são os gestos, o olhar. Já a Deborah tem mais facilidade por conta da trajetória dela, que é atriz desde criança. Por isso preferiu não fazer laboratório comigo, quis criar a Bruna dela. Mas, mesmo assim, eu me vi na personagem.
O que você fez questão de passar para elas?
O olhar é tudo, mais sedutor. Tem que passar para o cliente a vontade de estar com ele. Nunca fui uma mulher vulgar. A sedução estava mesmo no jeito de falar, mais meiga. Não usava decotes gigantescos, o sutiã com os peitos para cima, nada disso... Eu tentava demonstrar interesse em saber por que o cliente estava lá. Se ele queria uma garota de programa, é porque queria sexo. Mas qual tipo de sexo? Então tentei passar essas coisas para elas.
O filme é um drama, e a peça é uma comédia. É possível ver um lado cômico naquele momento que você viveu?
A vida de todo mundo tem uma parte dramática e outra de comédia. Na peça, o foco são os programas engraçados que eu tive. Não só de drama vive uma garota de programa. Eu procurei contar essas situações para a equipe.
Como por exemplo?
Teve uma vez que eu dormi no meio de um programa (risos). Eu estava muito cansada e acabei dormindo na hora H. Também teve o cliente que tinha TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), e ficava mudando a cama de lugar toda hora. Ele achava que a cama tinha que estar paralela à janela, senão ele não conseguia fazer sexo. Ou o cara drogado que tinha consumido cocaína. O interfone do quarto estava com problema, então a gerente teve que bater na porta para dizer que o programa tinha acabado. Então estávamos lá, sem conseguir fazer nada, porque o cara estava super cheirado, até que bateram na porta. Ele correu para debaixo da cama, ficou escondido que nem um cachorro, e começou a dizer que a polícia estava atrás dele. A garota de programa tem que ter um lado psicóloga e muita paciência para lidar com as várias personalidades.
Você acha que esse seu sucesso pode ser uma resposta às pessoas que a criticaram, inclusive sua família?
Com certeza. Tem muitas pessoas que me criticam, mas minha vida está caminhando. Se eu fosse tão ruim assim como muita gente pensa, não teria tido essas oportunidades. Quando parei de fazer programa, eu pedi para que Deus me mostrasse um caminho bacana e, de certa forma, valeu a pena. Pela minha família é difícil falar, mas também não deixa de ser uma resposta. Eles com certeza não imaginavam que tudo isso iria acontecer. Quando saí de casa e disse para o meu pai que iria me prostituir, ele disse que meu fim seria como aidética no hospital Emílio Ribas, que cuida dos doentes aqui em São Paulo. Querendo ou não, ele me desejou isso.
Teve algum contato com seus pais depois dessas notícias sobre o filme?
Não. Na entrevista para o ‘Fantástico’ eu até fiquei com essa esperança, porque tinha certeza de que eles iriam assistir. Mas ninguém me procurou. Já tem sete anos que saí de casa, quatro que parei de fazer programa. Sinceramente, quero muito fazer as pazes, mas acho muito difícil. Eu conheço meu pai, ele é muito orgulhoso.
Tirando essa questão familiar, você se sente realizada em sua vida?
Sim. Agora quero ter filhos. Vou esperar toda essa poeira do filme e da peça baixar para engravidar, no final de 2010, e me dedicar ao meu filho. Eu sei que será uma gestação delicada, meu médico me falou. Eu tenho o útero muito baixo. Para segurar o filho, vou precisar ficar de repouso. Também quero muito ser psicóloga, fazer faculdade e depois ter um consultório. Antes de fazer programa eu já tinha essa vontade. Na adolescência eu tive depressão e fiz terapia. Eu pensava: é isso que quero para a minha vida.
Seu marido também está no filme. Como ele se sente sendo retratado?
Ele foi comigo para as filmagens. Está mais ansioso do que eu. O Cassio Gabus Mendes vai interpretá-lo. Foi uma boa escolha do diretor, tanto ele como a Deborah. Combinaram muito.
Você disse que o filme e a peça vão enterrar a Bruna com chave de ouro. Por quê?
A primeira entrevista que concedi foi em agosto de 2004. Achei que seria tudo rápido. Nunca sonhei ser famosa. Está sendo uma fase bacana, é divertido, mas não é isso que eu quero. Quero tentar ter uma vida anônima. Ser escritora para mim é um prazer, um hobby. Vou continuar com o blog, vou lançar um livro, que espero que seja o último. Mas como Raquel. Não vou me importar se me chamarem de Bruna, sempre vou ter a consciência de que fiquei conhecida como Bruna. Eu vi a Joana Prado chorando naquele programa (em que aparecem cenas dela como Feiticeira). Eu não, sou supertranquila quanto a isso. A maioria das minhas conquistas eu devo à Bruna. Estou me preparando para cair no esquecimento, trabalhando psicologicamente para não sofrer.
Deborah Secco disse que você cresceu num vazio de amor e por isso virou prostituta. O que achou dessa frase?
Faz sentido. Afinal, eu fui adotada. A partir desse momento, eu me perguntei por que meus pais biológicos não me quiseram. Não tem desculpa, não tem falta de dinheiro que faça alguém abandonar um filho. Mesmo tendo crescido em uma família, eu era muito rebelde. Mas não me prostituí por isso, a falta de amor não foi o principal motivo. Eu coloquei na cabeça que iria fazer e fiz. Tanto é que na prostituição sempre procurei um homem perfeito. Depois que saí de casa, em todos os meus namorados busquei a figura do pai. E isso significa falta de amor.
Fonte: EGO
Taekwondo de Dedo
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Usando as habilidades da mão, um cara reproduz golpes de *Taekwondo* com as
mãos com movimentos perfeitos.
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*Taekwondo de Dedo...
Há 12 anos
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